quinta-feira, 22 de novembro de 2007

FILOSOFIA e EDUCAÇÃO


O mundo contemporâneo nunca precisou tanto de ser repensado e redirecionado. As mudanças, as contradições, as incoerências presentes em nosso dia a dia pressupõem uma relação íntima entre Filosofia e Educação. É notória a transformação ocorrida em todas as áreas do conhecimento científico nas últimas décadas.
E, como a educação poderá acompanhar essa evolução, sem se desumanizar? Qual deverá ser o caminho a ser trilhado, ou seja, que fio condutor será o ideal para a Educação nos novos tempos?
Assim, surge a participação filosófica, produzindo questionamentos e reflexões necessárias. O saber sempre foi vinculado à atitude filosófica, desde os primeiros lampejos de raciocínio lógico, que colocaram em dúvida as explicações mitológicas na Antiguidade Grega.
Naquela época, nascia a Filosofia , especulando e sugerindo alternativas para saberes até então intocáveis.
Essa missão questionadora do “ser filosófico” é que possibilitou criar e aprimorar todo o conhecimento humano.
O que seria da Educação sem a Filosofia?
Possivelmente, estaria estagnada em alguma época histórica onde educar era sinônimo de adestrar , memorizar ou oprimir . Vale lembrar que, no início do século XX ainda se utilizava a “palmatória” nas salas de aula!
Educação e Filosofia são áreas das ciências HUMANAS, e são tão afins que os grandes revolucionários da Educação, foram também grandes pensadores e filósofos. Como: Jean Jacques Rousseau, Henri Pestalozzi, Emile Dürkheim, Jean Piaget , e, tantos outros.
O ser humano como gerador e reprodutor da “vida” tem o compromisso e o dever de si repensar, enquanto gerador e reprodutor também de “conhecimento”!
A Filosofia surge então, com sua insustentável leveza e sutileza, porém capaz de abalar estruturas e alicerces... Podendo romper e reedificar, podendo ajustar e redirecionar o que hoje se encontra estabelecido como um programa pronto inserido por um sistema educacional.
As mudanças sociais e históricas são enormes, as crianças de hoje não têm os mesmos anseios, os mesmos interesses, enfim as mesmas características das crianças de uma ou duas décadas atrás. Como preparar esse pequeno ser para um futuro incerto, um mundo conturbado, sem automatizá-lo?
Essa é uma indagação que compete à Filosofia responder. Nenhuma ciência se preocupa tanto com a dimensão “humana” e com a incansável promoção do bem estar e da felicidade como a Filosofia.
A Educação assim sendo, pode amparar-se na Filosofia, pois a Educação também “deveria” ter essa mesma preocupação. Digo, “deveria”, porque algumas correntes educacionais afastaram-na dessa finalidade. A educação contemporânea enveredou-se por práticas tecnicistas, profissionalizantes, massificantes porém lucrativas, esquecendo do “ser”... O “ser”, que é muito mais que um cofrinho , onde diariamente, são depositadas moedas de saber, para enriquecê-lo no futuro. E, ao final do ano letivo, teremos um aluno como um cofrinho cheio de informações e fórmulas mágicas, às vezes, descartáveis e inúteis!
Cabe então, à Filosofia a tarefa de perguntar: Que tipo de saber se faz necessário nos nossos dias, onde o conhecimento já está condensado na tela do computador?
Ao Educador, não caberia a tarefa essencial e primeira de levar o Educando a si conhecer melhor? Antes mesmo de conhecer o outro e o mundo?
Afinal, era justamente isso que o grande Sócrates ensinava a cerca de 350 anos antes de Cristo...
“Conheça-te a ti mesmo!”

SALETE MICCHELINI