quinta-feira, 22 de novembro de 2007

A pessoa na sociedade pós-moderna


Há algumas décadas atrás, as histórias e os filmes de ficção científica prenunciavam um segundo milênio onde tudo era automatizado, onde pequenas espaçonaves voavam entre torres metálicas e as máquinas de todas as formas e funções atuavam no lugar das pessoas.
Era o máximo da modernidade, poder assistir, naquela época, como seriam os tempos modernos, pois aquele era o futuro inevitável do planeta.
Depois, o apelo da ficção passou a ser mais assustador, as histórias e os filmes se voltaram para um futuro sombrio, onde imperava a desordem num planeta destruído. Os sobreviventes da espécie humana perambulavam por entre escombros do que restava das grandes cidades, arruinadas por bombas atômicas.
Na atualidade, superamos muitos mitos criados pela ficção. Não há mais como esperar um robô nos serviços domésticos ou um bando de sobreviventes do caos atômico vagando sobre um carro velho.
Superamos, inclusive a fatídica barreira criada para a data da passagem do milênio. Fato que causou pânico e expectativa nas populações, pois entrar no ano 2000, implicaria em calamidades e hecatombes anunciadas profeticamente.
Estamos na pós-modernidade, vivenciando um futuro que não trouxe nem tanta “automação” nem tanta “destruição atômica”...
Talvez, porque a ficção tivesse se preocupado muito mais com o que estava em torno da pessoa do que com a própria pessoa. Assim, havia uma curiosidade para se saber como seriam as cidades, os carros, as roupas, as casas, enfim, como seria o mundo no futuro...e não como seria a pessoa no futuro!
E a pessoa no futuro, como é e está??? A pessoa continua com as mesmas buscas interiores, os mesmos anseios e as mesmas necessidades.
Aliás, a pessoa humana sempre esteve renegada a segundo plano por interesses óbvios do poder dominante. Destacar a pessoa em detrimento das coisas mundanas, implica em conhecê-la e valorizá-la e, infelizmente, isso não é prioridade da elite dominante.
A pessoa consciente de si e do outro, encontra objetivo existencial e plenitude de vida. Passa a valorizar pequenas coisas que custam pouco, pequenos gestos que fazem a diferença.
A pessoa ciente de seu valor, prioriza o “ser” e nunca o “ter”, e isso não faz parte do modelo imposto pelo capitalismo.
Quando a pessoa se valoriza, automaticamente, ela valoriza o outro enquanto semelhante, com os mesmos direitos e deveres que ela própria.
Quando a pessoa se valoriza, ela deseja o melhor para si e para a sociedade em que vive.
Quando a pessoa se valoriza, ela se dedica ao prazer de preservar as expressões e manifestações culturais de seu povo.
Quando a pessoa se valoriza, ela não se rende aos apelos do consumismo exacerbado e à degradação moral que consome os vínculos afetivos e familiares.
Quando a pessoa se valoriza, ela entende que é única e insubstituível, que não pode entregar a ninguém a tarefa de pensar e agir em nome dela.
Quando a pessoa se valoriza, ela descobre que ninguém é feliz isoladamente, que, em tudo existe uma força de ligação no Universo, onde deve haver uma total harmonia.
Esse é o nosso desafio, nos valorizarmos como pessoas capazes e solidárias, provar que juntos podemos construir um mundo mais justo e mais equilibrado.
Isso, os educadores, os pensadores, os filósofos e os poetas já sabiam...basta levar em frente o sonho que o “todo-poderoso” sistema insiste em fazer acreditar como sendo impossível!
Contudo, um poeta disse certa vez...
“Sonho que se sonha junto vira realidade.”
Nosso desafio é valorizar a pessoa, para que ela volte a sonhar!!!!!

SALETE MICCHELINI

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