segunda-feira, 15 de outubro de 2007

O nascimento da Filosofia na pólis grega



O berço grego da Filosofia encontrou todas as condições necessárias para ser seu local de nascimento e desenvolvimento. Isso não descarta que a racionalidade não existia, mas o saber mítico imperava e atendia a quase todos os anseios do povo da época.
A cultura grega era muito desenvolvida em pontos relevantes que até hoje influenciam a vida ocidental e a Mitologia começou a ser insuficiente para explicar novas visões.
Acontece que, uma nova dinâmica social surgiu na vida da população grega. Então, começaram a despertar as primeiras contradições, dúvidas e conflitos entre o pensamento mítico e o pensamento racional; que se aflorava; para seu posterior exercício, fortalecimento e desenvolvimento.
Vieram as incursões marítimas, os gregos com suas embarcações chegaram aos locais nunca antes pisados e onde, supostamente, habitavam os deuses e monstruosidades, mas nada descobriram de diferente ou fabuloso.
Através da observação da natureza, durante as estações do ano, perceberam a repetição de fases e ciclos naturais de chuva, frio, floradas e criaram um calendário; deixando de atribuir aos deuses todas as mudanças e intempéries climáticas.
A necessidade de produção de alimentos, a fabricação de artesanato, de utensílios domésticos, as trocas foram aproximando as famílias e formando cidades movimentadas . Era em praça pública (Ágora) que as pessoas podiam se encontrar, comercializar, discutir idéias , dúvidas e questionamentos sem respostas plausíveis.
Surge a possibilidade de registro do pensamento através da utilização da escrita. Os fenícios chegaram e apresentaram sua escrita, que foi aprimorada e desenvolvida para a escrita alfabética dos gregos.
A vontade coletiva no espaço público dá início à discussão , produção de leis e política. A palavra do cidadão em discurso público se torna um direito de emitir o pensamento com argumento e também de ser contra-argumentado.
Para facilitar o comércio, onde as coisas concretas eram trocadas por semelhança (escambo), passaram a fazer o cálculo de valores semelhantes de coisas diferentes; veio a cunhagem de peças pequenas que representavam os valores: as moedas.
A PÓLIS surge e se consolida como necessidade e expressão da vontade do cidadão. Os fenômenos atribuídos aos deuses, perdem sua base de compreensão e se tornam problemas solucionáveis por meio de observações, de tentativas, de exercício de raciocínio.
“A Filosofia é grega e filha da Pólis.” ( Chatelet ). As colônias gregas Jônia e Magna Grécia viram surgir os primeiros filósofos, os críticos, questionadores e pensadores do saber existente e do saber real.
Os primeiros lampejos da reflexão filosófica eram: descobrir um princípio, uma origem (ackhe) de tal maneira que dele se pudesse concluir, como conseqüências racionais e lógicas, as explicações para a realidade. Esse princípio poderia ser, de um ponto de vista lógico e mental, uma proposição extremamente geral, a partir da qual fosse possível extrair conclusões válidas.
Poderia ser também no campo físico, alguma coisa material que, por força de transformações e mutações dessem origem a todas as coisas e a todos os acontecimentos. Construíram teorias que tentavam explicar racionalmente, ou seja, sem a presença de fator mítico, o Cosmos e toda a realidade existente.
Cada pensador partiu para uma especulação e a fundamentava para o convencimento de sua idéia. Tales de Mileto encontra a ÁGUA como a origem; Anaxímenes atribui ao AR; Demócrito propõe uma partícula- o ÁTOMO; Empédocles estabelece quatro elementos: TERRA, ÁGUA, AR e FOGO. Assim, não há mais unidade de pensamento. É o início da efervescência filosófica, pois a pluralidade de explicações domina, onde antes só havia unanimidade.
As divergências borbulhavam a respeito do princípio de todas as coisas, sem se valer da Mitologia. Por conseguinte, na passagem da fantasia mitológica para o pensamento racional houve uma ruptura quanto à atitude das pessoas subordinadas aos deuses. Enfim, os primeiros questionamentos filosóficos rejeitavam a interferência sagrada para obter uma explicação mais discutida e problematizada, de forma independente e com mais coerência entre razão-natureza. A natureza deixa de ser manipulada pelos deuses para ser objeto de pensamentos abstratos para buscar novos rumos.

Salete Micchelini

7 comentários:

Anônimo disse...

Boa noite Sibila,
Gostei muito desse seu blog. Não vi tudo, ainda, mas vou continuar a pesquisar.
Beijinhos
Carlos

Anônimo disse...

Também gostei muito do seu blog.
Eu estava procurando algo eo que eu queria eu encontrei aqui!!
Beijo'

Kelen Carvalho disse...

Eu adorei seu blog! Precisava muito saber sobre a Pólis, obrigada mesmo!

Kelen Carvalho disse...

Eu adorei seu blog! Precisava muito saber sobre a Pólis, obrigada mesmo!

lia peres disse...

adorei seu blog!gostei muito do que encontrei.obrigado...

Flávia disse...

Gostei.....

Anônimo disse...

Gostei muito deste blog