quinta-feira, 27 de setembro de 2007

A cena filosófica de "O Banquete" de Platão


A obra “O Banquete” de Platão está situada na Grécia Antiga, em Atenas. Ela nos relata um jantar na casa de Ágaton sendo convidados os mais sábios atenienses da época. Na Antiguidade Grega, os banquetes eram ocasiões propícias para um debate filosófico. Os convidados se apresentam asseados e bem trajados para o festim regado à farta comida e muito vinho.
Após a comilança, os pensadores gregos reclinavam-se sobre os divãs e dissertavam com o entusiasmo da embriaguez acerca de temas propostos.
Entre os convidados estão: Erixímaco, Fédon, Pausânias, Aristófanes, Sócrates e Alcibíades.
Um a um, os personagens vão expondo seus discursos sobre o tema da noite proposto por Erixímaco que foi o Amor e o deus Eros. O destaque da obra é o discurso feito por Platão, usando o personagem Sócrates para apresentá-lo.
Como as práticas homoeróticas e homossexuais eram admissíveis aos jovens cidadãos no contexto de sua iniciação na vida sexual e política na Antiguidade Grega, elas são abordadas com naturalidade de expressão. Como também era costume da época uma supervalorização do corpo humano belo e perfeito.
Os oradores falam de mitos, de deuses em suas histórias sobre o Amor, utilizam-se de metáforas, de exemplos e de casos particulares.
Fédon dá inicio aos debates elogiando Eros, por ser ele o deus que une os homens em todas as situações.
Erixímaco, um médico hipocrático, tece seu comentário sobre os impulsos que levam o corpo ao Amor Celeste ou ao Amor Vulgar.
Pausânias, por sua vez, faz narrações mitológicas citando variantes de Amor resultantes de divisões de deuses.
Aristófanes conta sobre o mito do ser Andrógino, que possuía os dois gêneros sexuais, mais foi separado ao meio, como forma de castigo por Zeus. Gerando assim, uma eterna procura de uma metade faltosa que foi perdida.
O anfitrião Ágaton faz uma referência ao deus Eros, colocando as virtudes de sua presença e as conseqüências de sua ausência.
Mas, nenhum dos oradores foi tão brilhante como Sócrates que coloca o que lhe foi transmitido pela sacerdotisa Diotima sobre a essência do Amor. Ele salienta que, o amor pelos belos corpos é apenas o começo do caminho do conhecimento da beleza em si mesma. Amar é desejar o belo em sua essência, para além do mundo das ilusões. O amor procura a beleza; todavia, sendo ele mesmo belo já a encontrou ao saber de si mesmo e acaba por alimentar-se de si mesmo.
Sócrates propõe então o princípio da “amor platônico”, ou “platonismo”: o amor pela alma, o amor que tudo contém e a tudo se estende, o amor incondicional à natureza das coisas, a amor à sabedoria e à filosofia. Assim sendo, o Amor sensível deve estar subordinado ao Amor intelectual.
Após essa esplêndida apresentação, ainda surge Alcibíades, amante de Sócrates, que embriagado tenta cortejá-lo e reverenciá-lo. Sócrates se sente incomodado e o despreza. Sócrates termina como o grande vitorioso da noite, tanto no discurso quanto na quantidade de vinho ingerida!
SALETE MICCHELINI

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