segunda-feira, 28 de abril de 2008

Revolução científica (séculos XVI e XVII)


As mudanças de paradigmas cosmológicos efetuadas nesse período desencadearam outras revolucionárias propostas no decorrer dos séc. XVI e XVII. O pensamento filosófico baseado no modelo aristotélico-ptolomaico, mantido pela Escolástica, teve que ser repensando. O homem buscava outro posicionamento diante do mundo e do seu destino para muito além da vontade divina. Com o Heliocentrismo, surgiram propostas metodológicas, matemáticas, astronômicas, físicas e na área de instrumentação científica.

Nicolau Copérnico (1473-1543) munido de sua corajosa genialidade forçou uma completa modificação do pensamento europeu de sua época.. Através de seus cálculos, observações e fundamentos teóricos, ele demonstrou com segurança os movimentos dos corpos celestes e do sol como centro do Sistema solar (Heliocentrismo).

O fabuloso Galileu Galilei (1564-1642) trouxe para a ciência florescente a instrumentação que possibilitou uma série de descobertas, confirmando e ampliando as propostas de Copérnico. Formulou também seu próprio método indutivo de trabalho científico que assegura suas conclusões.

Johannes Kepler (1571-1630) estudioso do Cosmos que com suas propostas alterou estudos copernianos. Calculou trajetórias dos planetas, suas variações de velocidade ao redor do Sol, formulando as bases da Astronomia Moderna.

Com Issac Newton (1642-1727) a Física Clássica fica configurada, os fenômenos naturais são observados, com experimentação para posterior formulação de hipóteses e sua demonstração indutiva, culminando na elaboração de leis universais. São apresentadas as leis da gravitação universal – as três leis de Newton.

Como precursores de um trabalho científico sistematizado e criterioso, destacaram-se Leonardo da Vinci (1452-1519 e Francis Bacon ( 1561-1626) que ensinava que para conhecer é preciso observar os fatos, classificá-los e determinar suas causas.

Salete Micchelini

O Príncipe (Maquiavel)

Nicolau Maquiavel (1469-1527) era italiano de Florença. Pensador e estudioso dos clássicos, era apaixonado pela política. Sua controvertida obra é uma espécie de ”manual” sobre a arte de governar, onde o Universo político é cruamente exposto, nele reina a lógica da força dominante e a “virtude” está a serviço da perpetuação no poder.
A repercussão dessa obra foi tamanha que, em todo o mundo, após o seu surgimento inúmeras palavras aumentaram o vocabulário lingüístico com substantivos, adjetivos e verbos como: maquiavelismo, maquiavélico, maquiavelizar etc.
São tantas as interpretações, os estudos comentados, os debates de analistas que vão de personalidades como Jean-Jacques Rousseau, Napoleão Bonaparte, Merleau-Ponty a Antonio Gramsci. Gioberti diz: - “Maquiavel é o Galileu da Política!”
Espantosa é a “modernidade“ da obra escrita em 1513, ou seja, há 495 anos. Para Maquiavel, o poder e o controle substituem a compaixão e a justiça na realidade da política. A mentira é perfeitamente aceitável e está sempre a serviço do governante, que pode fazer o que bem quiser, contanto que não seja pego. O argumento do governante sempre deve ser que tudo foi em prol dos cidadãos, sejam atitudes certas ou erradas.
A máxima que permeia a atuação do governante é famosa: “Os fins justificam os meios!” De acordo com “O Príncipe”, o governante tem uma “ética” própria (virtu), que é desvinculada e diferenciada de qualquer regra conhecida ou preestabelecida. Diz Maquiavel: -“ O tempo leva por diante todas as coisas, e pode mudar o bem em mal e transformar o mal em bem!”
Governantes absolutistas dos séculos XVII e XVIII, fascista como Benito Mussolini em 1924 utilizaram as lições de “O Príncipe”. Dizem que Stalin, tinha “O Príncipe” como livro de cabeceira.
A inovação e a perpetuação dos estudos de Maquiavel sobre a política reside no fato de que ele não se preocupa com conceitos de formas de governo, mas como os homens governam “de fato”. O homem que detém o poder, geralmente, se cega, se corrompe, se utiliza meios inescrupulosos e inúmeros artifícios psicológicos sobre a população para se conservar no poder. Aliás, em se tratando de poder, a vaidade humana gera conflitos, arrogância, opressão, uma luta inevitável entre interesses opostos que são inerentes à atividade política humana.
Maquiavel constata que o bem comum necessita de leis, porém a burocracia e os políticos corrompem-se. Então, o que se pode esperar de uma elite política corrompida legislando em causa própria? Não há como o povo ter um bom retorno nessa situação, pois as leis deixam de representar os interesses públicos.
Quando se trata de fazer política, para Maquiavel significa compreender o sistema de forças com interesses opostos, de calcular e contrabalançar um equilíbrio entre as ações dentro desse sistema.
Maquiavel escreveu “O Príncipe” como um método de ensino de governo para o jovem Duque de Urbino chamado Lorenzo de Médicis, sob a aparência de justificar a tirania. Porém, ele revela aos cidadãos todos os procedimentos execráveis que deveriam ser rejeitados por toda a população...Quase 500 anos se passaram, “O Príncipe” continua atormentando o entendimento, a análise e dando lições das relações existentes entre política, poder, moral dos governantes e população. Cabe a nós, cidadãos conscientes, estudá-lo também, pois dessa forma entenderemos um pouco do agir político adotado e repetido, sistematicamente, nas relações de poder. Assim, estaremos nos preparando para atuar contra as obscuras armadilhas das diversas formas de dominação política. Confesso que, retomarei a leitura de “O Príncipe”, pois ainda tenho muito a aprender e refletir sobre os métodos políticos.
Salete Micchelini

Profecia auto-realizadora, o que é?


A aprendizagem é um processo interpessoal, construído de forma socializada e que envolve uma série de mecanismos conscientes e inconscientes. Procurar entender esses complexos vínculos entre as partes é determinante para o sucesso da relação. Em 1964, dois pesquisadores norte-americanos, ROBERT ROSENTHAL e LEONORE JACOBSON apresentaram seus estudos a respeito do fenômeno da PROFECIA AUTO-REALIZADORA.
A Profecia Auto-Realizadora consiste em projeções intuitivas e pré–concebidas que fazemos a respeito de outra pessoa, de um grupo ou de uma situação.Ela poderá ser positiva ou negativa e, inconscientemente, conduziremos a realidade para que nosso prognóstico sobre o fato se confirme.
Para exteriorizar nossas expectativas previamente elaboradas, utilizamos esquemas e pistas verbais e não-verbais, que são captadas por nosso alvo. Essas mensagens, ao serem introjetadas pelas pessoas, vão sendo colocadas em funcionamento de acordo com a expectativa que escolhemos para elas, até serem confirmadas e realizadas conforme nossa primeira intenção.
Cientes desse fenômeno, os psicólogos alertam aos pais e professores, para que estejam atentos para aquilo que projetamos e vamos conduzindo, que nunca façamos (pré)conceitos antecipados em nossas relações, pois elas poderão se realizar de uma forma a causar danos também.

Salete Micchelini

Sobre a Escola da Ponte (Portugal)

Conheci a ESCOLA DA PONTE de Portugal, através do olhar e das palavras de Rubem Alves. Após uma visita a essa escola portuguesa, em 2000, Rubem Alves dedicou-lhe uma série de seis crônicas publicadas no JORNAL CORREIO POPULAR de Campinas, que foram, posteriormente, transformadas em um livro: A ESCOLA COM QUE SEMPRE SONHEI;SEM IMAGINAR QUE PUDESSE EXISTIR.
Tudo que li foi surpreendente e encantador, pois a ESCOLA DA PONTE tem uma dinâmica inovadora e própria, com um incrível respeito ao potencial do aluno. Nada na ESCOLA é convencional. Tudo é decidido de forma coletiva e harmônica. O currículo é flexível, pois a participação e a interação professor-aluno permite um aprendizado responsável e consciente. Não existe preocupação com cumprimento de Programas ou Currículos pré-estabelecidos. Todos são professores de todos. Professores a alunos estão, simultaneamente, ensinando e aprendendo. A preocupação primeira da ESCOLA na formação do aluno está no SER. Se se depara com algum obstáculo, todos se voltam para soluciona-lo, pois dentro de uma aprendizagem cooperativa e solidária, o problema é para toda a ESCOLA. Isso é EQUIPE!
A disciplina é fruto de uma liberdade responsável, pois os alunos decidem as regras a serem cumpridas em assembléias, como também decidem o que fazer e como agir diante de uma regra desrespeitada. A família é chamada a cumprir seu papel desde a primeira reunião do ano letivo e se compromete com sua tarefa e seu acompanhamento. Os alunos se mostram felizes e criativos pois sabem que estão construindo conhecimentos para suas vidas. Enfim, como o próprio título do livro é uma escola dos sonhos... onde professores e alunos respeitam-se e valorizam-se. O vínculo existente entre eles é solidário e afetivo, daí nasce uma aprendizagem prazerosa e criativa.
Para terminar escolhi duas frases de um profissional da ESCOLA DA PONTE chamado Pedro Barbas Albuquerque, que me marcaram muito: -Os programas das disciplinas a serem cumpridos são o maior entrave ao trabalho do educador. Pois nem todos os currículos são VITAE. Há currículos que são MORTIS. – Há alunos com sorte, Há professores sem sorte alguma. Mas, neste caso, como noutro, a sorte não é um mero acaso. (Pedro Barbas Albuquerque).

Salete Micchelini

O que fazer com minha liberdade?

Sartre, na sua genialidade, condenou o homem a ser livre. E, quanta responsabilidade decorre dessa condenação!!! O homem consciente é dotado de liberdade de ação, pode fazer suas escolhas de fôro íntimo mas, automaticamente, será responsável por elas. Segundo Sartre, podemos escolher que tipo de pessoas e como agiremos no mundo... e como nos enganamos... Como vivemos em sociedade, estamos sujeitos às normas, essas normas têm um patamar acima da nossa liberdade de ação pois foram criadas para regular essa liberdade, visando o bem-estar coletivo. Nossas escolhas e nossas decisões configuram nosso livre-arbítrio. Quando agimos livremente, sem influências de regras ou da imposição do outro, estamos realizando nosso ideal de liberdade. Porém, vivendo em grupo, passamos pelo crivo moral, para que essa escolha seja responsável e ética.
Salete Micchelini

Ética a Nicômaco (Aristóteles)


Desde a Antiguidade Clássica Grega que o homem tenta entender a virtude para através dela atingir um bom caminho para se ter uma vida melhor e mais feliz. Podemos nos tornar pessoas melhores dentro da coletividade, ou seja, mais éticas e mais virtuosas?
A resposta positiva encontramos na ÉTICA PARA NICÔMACO, onde Aristóteles escreve seus ensinamentos para seu filho Nicômaco. Ele nos mostra que a virtude é um hábito que, tanto não só pode, mas também deve ser ensinada. Residindo ai, nessa formação básica familiar, o alicerce educacional para um homem melhor e mais virtuoso.
O compromisso familiar na formação desse hábito do BEM, há muito vem sendo relegado e esquecido na educação moderna. O ritmo de vida imposto pela modernidade modificou a organização familiar. O casal já não dedica mais o mesmo tempo na educação de seus filhos. Aliás, muitos filhos, têm pouco ou quase nenhum contato com os pais durante a semana. Aquilo que deveria ser ensinado, aprendido e posto em prática vai se perdendo e sendo esquecido. Preenchendo o vazio deixado pela falta da experiência transmitida no seio da família, aparecem outras (preocupantes) influências. O pior é que, percebe-se a família atual está tão desnorteada, que nem mesmos os pais têm consciência daquilo que deveriam repassar aos seus filhos... pois tal ensinamento também não foi repassado a eles próprios! Se os pais não foram formados, como poderão passar uma formação ética aos seus filhos?
O papel do educador, ESSENCIALMENTE, está aí, como formador do SER. É urgente que se formem cidadãos, ao invés de priorizar acúmulo de conhecimento. Essa é a única saída para uma sociedade futura melhor!
Salete Micchelini

Como posso ser feliz?

Recorro-me a Mahatma Gandhi quando disse: “Não existe um caminho para a felicidade; a felicidade é o caminho.” A subjetividade da questão traz algumas divergências, porém minha concordância com a frase de Gandhi está no fato de que não devemos adiar nossa felicidade a situações futuras. O presente é a morada da felicidade e depende de cada um vivenciá-lo bem e feliz.
A felicidade não pode ser hipotecada à partícula SE... mas deve brotar, homeopaticamente, em momentos únicos que podem passar despercebidos. Dessa forma, abre-se um leque de possibilidade para ser feliz: desde respirar o ar fresco da manhã, afagar o bichinho de estimação até prestar serviço voluntário numa ação social. É fato que existem inúmeras situações de sofrimento ao nosso redor que podem comprometer nossa felicidade. Mas, é aí que se encontra a prova crucial para nossa capacidade de nos conduzirmos no caminho do bem estar.
A felicidade surgirá no ato solidário, na atenção dispensada ao próximo, na palavra amiga e generosa que poderá gerar uma ação transformadora da realidade. Cultivar bons pensamentos, direcionar o olhar para a natureza, acolher e ajudar ao próximo dentro de nossas possibilidades, saborear um copo de água fresca... tudo isso pode somar instantes felizes que formarão minutos felizes e horas felizes.
Para concluir, seria bem mais fácil apontar onde a felicidade NÃO está! Ela não se encontra numa cirurgia plástica, no último modelo de carro, em relógios e jóias de ouro, em roupas de grife ou nas mansões...Sabe por quê? Porque poucas pessoas têm tudo isso, assim sendo, o restante estaria condenado à infelicidade. O que ocorre é justamente o oposto, pois a felicidade não está atrelada a coisas ou bens exteriores. Pessoas que possuem ou podem comprar tudo, teriam que ser obrigatoriamente felizes... e não o são! Enfim, a felicidade não é algo que se conquista fora de nós mesmos, porque ela mora dentro de nós e no momento presente!

Salete Micchelini